segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Dia do Nascimento


Pois é... passei muito tempo sem registrar como eu vejo o mundo com a minha barriguinha. É... passei tanto tempo que minha barriguinha agora é uma linda princesinha.

No dia do parto, depois que voltei do trabalho, insisti para tirar umas fotos de Fernanda, pois eu falava que a gente não sabia se em outra oportunidade teria a chance de fazê-lo. Ela sucumbiu e tirei as fotos da mamãe e nosso barrigão.

Já de tarde, fomos ao que seria uma das últimas consultas da fase pré-natal. Na sala de espera Fernanda disse que estava sentindo umas contrações, mas me disse que são normais, pois ainda estavam espaçadas. Na hora da consulta não houve nenhuma contração e a médica disse que deveríamos fazer alguns exames de urgência para saber como estava a menininha lá de dentro.

Saímos do consultório e ainda fomos a o DETRAN numa tentativa frustrada de renovar nossas CNH. Voltando para a casa da minha sogra, Fernanda se queixava de uma dorzinha na lombar e de contrações.

Chegando em casa resolvi contar o tempo entre contrações:

- A anterior demorou dez minutos, mas esta foram apenas seis. É bom a gente ligar para a médica.

No que Fernanda respondeu:

- Ainda não... Deve ser de cinco em cinco.

Eu já meio estressado falei que para mim seis não é muito diferente de cinco. E, se cinco não é considerado muito espaçado, seis também não é.

Tive que esperar todo mundo chegar e eu falar isso na frente deles. E olha que o povo ainda disse que eu deveria ficar menos nervoso.

Mas bastou uma medição. Foram apenas quatro minutos para eles falarem em coro:

- Vamos ligar logo para a médica!

- Era exatamente isso o que eu vinha dizendo há temos! – Retruquei.

Fomos ao hospital às sete e quinze e lá a médica já estava à espera. Subiram Fernanda, a médica e minha mãe, enquanto ficamos eu, meu pai e meu irmão para fazer o cadastro. Terminando na recepção subi às pressas à maternidade para saber o que estava acontecendo. Foi eu saindo do elevador e encontrando as três saindo do consultório dizendo que seria naquela noite e que eu tinha que descer para o vestiário masculino para trocar de roupa.

Fui correndo pegar a máquina de fotografias e desci para o terceiro andar, onde fica o vestiário. Não sei exatamente quanto tempo passei por lá, perdido, zanzando. Só sei que passou até pela cabeça que eu ficaria andando pelo hospital por não sei quanto tempo e perderia a cirurgia.

Opa... avistei um rapaz do hospital e perguntei-lhe para onde ir. Ele disse que o vestiário estava só a uns cinco metros. OK... reconheço que estava meio nervoso e desorientado.

A escada de acesso ao segundo andar estava logo ao lado do vestiário, mas logo abaixo, havia uma catraca que me negava acesso. Olhei de um lado para o outro e não vi ninguém do hospital. Não seria muito difícil pular a catraca ou até passar por baixo. Olhei de novo para ambos os lados. Ninguém. Resolvi, então, só para não ser pego de surpresa, subir um lance da escada para me certificar de que não seria flagrado em meu plano de pular a catraca.

- Oi Doutora... Que bom você estar aqui descendo logo esta escada. Que coincidência. Ainda bem, pois estou preso. – Falo apontando para a catraca.

- Ahhh... Não se preocupe... Vou liberar...

Lá chegando, a médica indicou onde ficava a sala onde Fernanda esperava.

Sei que demorou muito... Cavei o chão com os pés andando de um lado para o outro, me perdi procurando um telefone, depois fui atrás do banheiro...

- Oi... Sou a pediatra... A equipe chegou e já estão levando Fernanda para a sala de cirurgia.

Por lá foram rapidamente aplicando a anestesia e deitando-a na maca.

Quando o procedimento começou, o que mais me impressionou foi a rapidez de tudo. Entre cinco e dez minutos depois que cortaram, a médica falou:

- Já estou vendo o bebê. Falta pouco.

Dudinha parecia estar levemente presa e pediram que o anestesista ajudasse com um empurrãzinho.

Foi ele empurrando e a cabecinha saindo. Em seguida, a médica tirou minha filha e disse:

- Nasceu... Linda e perfeitinha. – No que Dudinha começou a chorar.

Foi uma sessão de fotos – também com ajuda do anestesista, que manuseia muito bem a máquina. Foto limpando, foto medindo, foto pesando, foto carimbando o pezinho...

- O papai quer segurar?

- Posso?

- Claro... Toma...

Foi então que segurei minha filha pela primeira vez e, também pela primeira vez, ela ensaiou parar de chorar. Parava, mas depois de uns segundos começava de novo. Creio que já era por causa do desconforto respiratório.

Dudinha chorou muito. Quase o tempo todo em que estava no berçário. Entrementes, Fernanda chegou ao apartamento. Depois do banho, Dudinha começou a soluçar e a pediatra do plantão da madrugada foi consultar.

Na madrugada resolveram interná-la na UTI Neonatal para que ela não precisasse esforçar o diafragma. Dias depois ela foi diagnosticada, através de indícios, com hipertensão pulmonar causada provavelmente por pneumonia ou inspiração de líquido ou mecônio.

Hoje, depois de chorarmos e rezarmos muito e de um testemunho muito emocionante de uma outra mamãe, estamos com a notícia de que Duda está reagindo bem a cada tentativa de normalizar os parâmetros.