quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Menina Comportada

Estou aqui meio sonolento. Certamente que estamos dormindo menos, mas não somos zumbis como todo mundo falava. Pode ser que Dudinha seja excepcionalmente comportada e, de noite, acorde basicamente para mamar e tentar dizer:
- Troquem minha fralda! Está cheia de cocô!
Se demorarmos, ela começa a chorar e soluçar. No entanto, é só trocar a fralda que ela para. Então, coloco-a ao lado da Mococa para mamar.
Vejam aí que ser pai tem suas vantagens! Na hora da mamada, a gente pode dormir até a hora de colocá-la de volta no berço.
Apenas ocasionalmente Dudinha acorda de madrugada e dá muito trabalho para dormir. A gente percebe que ela não está sentindo dor. Não chora sem parar. Ela apenas quer alguém com quem conversar. Nesses dias, quando a colocamos no berço, rapidamente acorda e chora. É só tirá-la de lá que ela para de chorar. A gente fica com ela na cama, conversando, cantando, brincando até voltar a dormir. Quando a colocamos no berço de novo, acorda, chora e só falta dizer:
- Quero ficar aí com vocês! Me tirem daqui!
Falando assim, até parece que é comum, mas foram apenas dois dias que ela se rebelou a esse ponto. Por isso concluo: ou ela é excepcionalmente comportada ou o povo é excepcionalmente exagerado.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Aperreio

Após a ida de Dudinha para a UTI, a vida tem sido bastante estressante. Sabe aquela conversa de homem não chora? Pois é... tive que por isso em prática – ao menos na frente de Fernanda – nesses últimos dias.
Durante os primeiros dias tive sim muita vontade de chorar. Às vezes, quando ia visitá-la na UTI, e começava a cantar músicas de ninar a voz ficava meio embargada. Nessas horas Fernanda chorava e eu me segurava para que ela, já fragilizada, não perdesse, naquele momento, o apoio necessário.
Aproveitava a hora do almoço ou jantar, quando saía do hospital, para tomar banho e extravasar um pouco minha angústia.
Já no terceiro dia em que ela se encontrava na UTI essa sensação de angústia melhorou muito. A rotina, no entanto, manteve-se muito cansativa. Manhã tarde e noite eu passava no hospital e ia visitar Duda. Conversei tanto com ela que, mesmo um pouco sedada, jurava que ela, de vez em quando, esboçava reações ao que eu lhe dizia.
Saiu da UTI e a rotina ficou até mais intensa. A gente, nesses últimos dias, têm ido ao hospital tentar passar quatro horas com ela de manhã e mais quatro horas de tardinha, pegando o início da noite.
Com a alta de Fernanda, a dificuldade passou a ser a falta de um lugar de repouso. Antes, tínhamos o apartamento. Depois, passamos a ficar numa cadeira ao lado do berço.
Na quarta-feira passada, quando eu ia passar rapidamente na casa do meu pai, ouvi um estrondo no meu carro e o ventilador da cabine passou a fazer um barulho estranho. Desliguei o ar-condicionado e reparei que o termômetro do motor oscilava de uma forma que não fazia antes. De início, pensei que era só o que me faltava. Depois, relevei o que ocorreu e dei graças a Deus por minha filha estar se recuperando. Liguei para o reboque levar meu carro.
Quinta-feira, no final da tarde, minha mãe liga dizendo que a telefonaram da concessionária dizendo que eu deveria pegar meu carro. Informaram que não encontraram nada de errado no carro. Depois de ter acumulado tanto estresse, essa foi a gota d’água. Eu vi tudo o que tinha ocorrido no meu carro e não acreditava que estava tudo em ordem. A última coisa que eu queria era ter que reclamar.
Indo tanto ao hospital, estava sem tempo para algumas coisas importantes da vida, quanto mais ter cabeça para enfrentar uma ‘briga’ na concessionária? Fiquei aperreado. O acúmulo de estresse veio à tona naquela hora. Minha sogra disse que iria comigo e chamaria seu irmão para nos acompanhar.
Fomos os três e, quando o mecânico da concessionária ligou o carro, realmente funcionou sem problema algum. Disseram que poderia ter sido algo que tenha entrado na canalização do ar e, provisoriamente, fez o sistema funcionar de forma irregular.
Fiquei envergonhado por ter mobilizado tanta gente por causa disso. Fiz uma tempestade num copo d’água.
O fato é que tenho que reconhecer que os últimos dias me estressaram muito, mas sempre agradeço por minha filhinha e também peço pela saúde dos filhos das outras pessoas que encontramos no hospital.
Mas sei que me esqueço do mundo quando coloco Dudinha deitada na minha barriga e ela pega no sono.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Dia do Nascimento


Pois é... passei muito tempo sem registrar como eu vejo o mundo com a minha barriguinha. É... passei tanto tempo que minha barriguinha agora é uma linda princesinha.

No dia do parto, depois que voltei do trabalho, insisti para tirar umas fotos de Fernanda, pois eu falava que a gente não sabia se em outra oportunidade teria a chance de fazê-lo. Ela sucumbiu e tirei as fotos da mamãe e nosso barrigão.

Já de tarde, fomos ao que seria uma das últimas consultas da fase pré-natal. Na sala de espera Fernanda disse que estava sentindo umas contrações, mas me disse que são normais, pois ainda estavam espaçadas. Na hora da consulta não houve nenhuma contração e a médica disse que deveríamos fazer alguns exames de urgência para saber como estava a menininha lá de dentro.

Saímos do consultório e ainda fomos a o DETRAN numa tentativa frustrada de renovar nossas CNH. Voltando para a casa da minha sogra, Fernanda se queixava de uma dorzinha na lombar e de contrações.

Chegando em casa resolvi contar o tempo entre contrações:

- A anterior demorou dez minutos, mas esta foram apenas seis. É bom a gente ligar para a médica.

No que Fernanda respondeu:

- Ainda não... Deve ser de cinco em cinco.

Eu já meio estressado falei que para mim seis não é muito diferente de cinco. E, se cinco não é considerado muito espaçado, seis também não é.

Tive que esperar todo mundo chegar e eu falar isso na frente deles. E olha que o povo ainda disse que eu deveria ficar menos nervoso.

Mas bastou uma medição. Foram apenas quatro minutos para eles falarem em coro:

- Vamos ligar logo para a médica!

- Era exatamente isso o que eu vinha dizendo há temos! – Retruquei.

Fomos ao hospital às sete e quinze e lá a médica já estava à espera. Subiram Fernanda, a médica e minha mãe, enquanto ficamos eu, meu pai e meu irmão para fazer o cadastro. Terminando na recepção subi às pressas à maternidade para saber o que estava acontecendo. Foi eu saindo do elevador e encontrando as três saindo do consultório dizendo que seria naquela noite e que eu tinha que descer para o vestiário masculino para trocar de roupa.

Fui correndo pegar a máquina de fotografias e desci para o terceiro andar, onde fica o vestiário. Não sei exatamente quanto tempo passei por lá, perdido, zanzando. Só sei que passou até pela cabeça que eu ficaria andando pelo hospital por não sei quanto tempo e perderia a cirurgia.

Opa... avistei um rapaz do hospital e perguntei-lhe para onde ir. Ele disse que o vestiário estava só a uns cinco metros. OK... reconheço que estava meio nervoso e desorientado.

A escada de acesso ao segundo andar estava logo ao lado do vestiário, mas logo abaixo, havia uma catraca que me negava acesso. Olhei de um lado para o outro e não vi ninguém do hospital. Não seria muito difícil pular a catraca ou até passar por baixo. Olhei de novo para ambos os lados. Ninguém. Resolvi, então, só para não ser pego de surpresa, subir um lance da escada para me certificar de que não seria flagrado em meu plano de pular a catraca.

- Oi Doutora... Que bom você estar aqui descendo logo esta escada. Que coincidência. Ainda bem, pois estou preso. – Falo apontando para a catraca.

- Ahhh... Não se preocupe... Vou liberar...

Lá chegando, a médica indicou onde ficava a sala onde Fernanda esperava.

Sei que demorou muito... Cavei o chão com os pés andando de um lado para o outro, me perdi procurando um telefone, depois fui atrás do banheiro...

- Oi... Sou a pediatra... A equipe chegou e já estão levando Fernanda para a sala de cirurgia.

Por lá foram rapidamente aplicando a anestesia e deitando-a na maca.

Quando o procedimento começou, o que mais me impressionou foi a rapidez de tudo. Entre cinco e dez minutos depois que cortaram, a médica falou:

- Já estou vendo o bebê. Falta pouco.

Dudinha parecia estar levemente presa e pediram que o anestesista ajudasse com um empurrãzinho.

Foi ele empurrando e a cabecinha saindo. Em seguida, a médica tirou minha filha e disse:

- Nasceu... Linda e perfeitinha. – No que Dudinha começou a chorar.

Foi uma sessão de fotos – também com ajuda do anestesista, que manuseia muito bem a máquina. Foto limpando, foto medindo, foto pesando, foto carimbando o pezinho...

- O papai quer segurar?

- Posso?

- Claro... Toma...

Foi então que segurei minha filha pela primeira vez e, também pela primeira vez, ela ensaiou parar de chorar. Parava, mas depois de uns segundos começava de novo. Creio que já era por causa do desconforto respiratório.

Dudinha chorou muito. Quase o tempo todo em que estava no berçário. Entrementes, Fernanda chegou ao apartamento. Depois do banho, Dudinha começou a soluçar e a pediatra do plantão da madrugada foi consultar.

Na madrugada resolveram interná-la na UTI Neonatal para que ela não precisasse esforçar o diafragma. Dias depois ela foi diagnosticada, através de indícios, com hipertensão pulmonar causada provavelmente por pneumonia ou inspiração de líquido ou mecônio.

Hoje, depois de chorarmos e rezarmos muito e de um testemunho muito emocionante de uma outra mamãe, estamos com a notícia de que Duda está reagindo bem a cada tentativa de normalizar os parâmetros.