sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Aperreio

Após a ida de Dudinha para a UTI, a vida tem sido bastante estressante. Sabe aquela conversa de homem não chora? Pois é... tive que por isso em prática – ao menos na frente de Fernanda – nesses últimos dias.
Durante os primeiros dias tive sim muita vontade de chorar. Às vezes, quando ia visitá-la na UTI, e começava a cantar músicas de ninar a voz ficava meio embargada. Nessas horas Fernanda chorava e eu me segurava para que ela, já fragilizada, não perdesse, naquele momento, o apoio necessário.
Aproveitava a hora do almoço ou jantar, quando saía do hospital, para tomar banho e extravasar um pouco minha angústia.
Já no terceiro dia em que ela se encontrava na UTI essa sensação de angústia melhorou muito. A rotina, no entanto, manteve-se muito cansativa. Manhã tarde e noite eu passava no hospital e ia visitar Duda. Conversei tanto com ela que, mesmo um pouco sedada, jurava que ela, de vez em quando, esboçava reações ao que eu lhe dizia.
Saiu da UTI e a rotina ficou até mais intensa. A gente, nesses últimos dias, têm ido ao hospital tentar passar quatro horas com ela de manhã e mais quatro horas de tardinha, pegando o início da noite.
Com a alta de Fernanda, a dificuldade passou a ser a falta de um lugar de repouso. Antes, tínhamos o apartamento. Depois, passamos a ficar numa cadeira ao lado do berço.
Na quarta-feira passada, quando eu ia passar rapidamente na casa do meu pai, ouvi um estrondo no meu carro e o ventilador da cabine passou a fazer um barulho estranho. Desliguei o ar-condicionado e reparei que o termômetro do motor oscilava de uma forma que não fazia antes. De início, pensei que era só o que me faltava. Depois, relevei o que ocorreu e dei graças a Deus por minha filha estar se recuperando. Liguei para o reboque levar meu carro.
Quinta-feira, no final da tarde, minha mãe liga dizendo que a telefonaram da concessionária dizendo que eu deveria pegar meu carro. Informaram que não encontraram nada de errado no carro. Depois de ter acumulado tanto estresse, essa foi a gota d’água. Eu vi tudo o que tinha ocorrido no meu carro e não acreditava que estava tudo em ordem. A última coisa que eu queria era ter que reclamar.
Indo tanto ao hospital, estava sem tempo para algumas coisas importantes da vida, quanto mais ter cabeça para enfrentar uma ‘briga’ na concessionária? Fiquei aperreado. O acúmulo de estresse veio à tona naquela hora. Minha sogra disse que iria comigo e chamaria seu irmão para nos acompanhar.
Fomos os três e, quando o mecânico da concessionária ligou o carro, realmente funcionou sem problema algum. Disseram que poderia ter sido algo que tenha entrado na canalização do ar e, provisoriamente, fez o sistema funcionar de forma irregular.
Fiquei envergonhado por ter mobilizado tanta gente por causa disso. Fiz uma tempestade num copo d’água.
O fato é que tenho que reconhecer que os últimos dias me estressaram muito, mas sempre agradeço por minha filhinha e também peço pela saúde dos filhos das outras pessoas que encontramos no hospital.
Mas sei que me esqueço do mundo quando coloco Dudinha deitada na minha barriga e ela pega no sono.

2 comentários:

  1. Que post lindo, Felipe!!! Agradeço a Deus de Nanda ter um marido tão companheiro, e de Duda ter um pai tão carinhoso e atencioso...

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  2. Muito bonito o post... um verdadeiro desabafo!!
    E ela pegar no sono na sua barriga é a primeira de muitas alegrias que você ainda terá com a sua Dudinha que já está bem e em casa nos braços dos papais corujas!

    Abraço! Manda notícia.. e coloca foto! Quero conhecer a lindinha!

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